segunda-feira, 1 de abril de 2019

Embaixador da Palestina diz que abertura de escritório em Jerusalém é 'passo desnecessário'

Por Elisa Clavery, TV Globo — Brasília
 

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben — Foto: Isabella Formiga, G1O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben — Foto: Isabella Formiga, G1
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben — Foto: Isabella Formiga, G1
O embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben, classificou nesta segunda-feira (1º) de "passo desnecessário" a decisão do presidente Jair Bolsonaro de abrir um escritório de negócios em Jerusalém.
O diplomata afirmou que os embaixadores de países árabes pediram, há cerca de 10 dias, uma audiência com Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo. Como ainda não obtiveram resposta por parte do governo brasileiro, os representantes das nações árabes pretendem reforçar o pedido quando o presidente retornar do Oriente Médio.
Neste domingo (31), no primeiro dia da visita oficial a Israel, Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório comercial do governo brasileiro em Jerusalém, cidade considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos e que não é reconhecida internacionalmente como capital israelense.
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A abertura do escritório em Jerusalém é uma saída diplomática para o embaraço gerado com países árabes após o presidente ter manifestado publicamente, logo após ser eleito, a intenção de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que fez o presidente norte-americano Donald Trump.
O eventual reconhecimento por parte do governo brasileiro de Jerusalém como capital de Israel, e também a eventual mudança da embaixada, suscitou o receio de retaliações comerciais de países árabes, grandes compradores de carne bovina e de frango do Brasil.
O recuo de Bolsonaro em relação à transferência da embaixada se deu após ponderações da ala militar do governo e de ruralistas de que a medida poderia gerar um prejuízo bilionário para a economia brasileira.

Convocação do embaixador

Após o anúncio da instalação da repartição comercial, a Autoridade Palestina condenou a decisão do governo brasileiro e anunciou que vai chamar de volta ao Oriente Médio o embaixador no Brasil para consultas, o que no protocolo diplomático significa uma grande insatisfação e reprovação por parte do governo palestino.
"[Bolsonaro] está mexendo com um assunto delicado, conflitivo", disse o diplomata da Palestina.
"Interferir nisso será inoportuno. Não por parte só do Brasil, de qualquer país. Deixem as duas partes se entenderem”, complementou Ibrahim Alzeben.
O representante da Palestina no Brasil ressaltou que ainda tem esperança de que a decisão "seja revista" pelo governo brasileiro. Segundo ele, o Brasil não deve "aceitar chantagens e pressões", nem do lado palestino nem do israelense.
O diplomata enfatizou que ainda não recebeu nenhuma convocação oficial para voltar à Palestina. "Estão aguardando desdobramento de toda a visita. Melhor esperar um pouco e deixarmos para nossa liderança tomar a decisão, se é necessário efetivar esse passo ou recuar", ponderou.

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